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Ficar triste dói. O sentimento pode
ser passageiro ou durar muito tempo.
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Mesmo nesses casos, não significa que ele só possa ser superado com
remédios.
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Tristeza é a resposta normal às perdas que sofremos na vida, mas
agora se tornou comum chamá-la de
“depressão”.
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Algo normal foi transformado em doença.
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A cultura dos antidepressivos transformou em doença dificuldades que
fazem parte da vida.
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A OMS (organização mundial de saúde)
usa os sintomas da tristeza, que até podem ser os mesmos da
depressão, sem considerar o contexto do acontecimento que deixou a
pessoa triste.
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Incluem na mesma estatística quem sente uma tristeza normal e quem
realmente é depressivo.
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Se cinco sintomas de uma lista de nove
durarem mais de duas semanas, os médicos dizem que há depressão.
São
eles: perda do humor; perda de
interesse por atividades prazerosas; ganho de peso ou perda de
apetite; insônia ou excesso de sono; agitação ou apatia; cansaço;
sentimento de culpa e baixa autoestima;
dificuldade de concentração e de decisão; pensamentos recorrentes
sobre morte ou tentativa de suicídio.
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Ficamos naturalmente tristes pelas
perdas do dia-a-dia, como de um relacionamento amoroso, de um
emprego, de uma notícia de que seu estado de saúde não é bom.
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Ou quando há condições estressantes como a pobreza ou relações
sociais em que se sofrem abusos, como os de poder.
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São situações ruins, mas sofrê-las não significa que algo esteja
errado.
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É diferente da depressão, que surge sem razão específica, não
precisa ter acontecido algo terrível para surgir a depressão, que
tem características biológicas.
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Ainda assim, a maior diferença não é o que acontece no cérebro, é
o que ocorre dentro do contexto social.
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É dar à tristeza o ar de doença.
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Não existe uma linha divisória definida,
podemos dizer que se
uma tristeza dura mais de dois meses algo pode estar errado, mas não
significa que não tenha solução.
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O que importa é que estão tratando quem levou um fora do
namorado e não consegue se concentrar, dormir ou comer direito da
mesma maneira que a alguém com sintomas que persistem por longos
períodos.
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Ficar na fossa quando um namoro acaba é a resposta natural a um
estresse, e não um distúrbio mental, uma
situação dolorosa nunca é boa.
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A tristeza que envolve a perda pela morte de alguém que foi
importante para nós é dura e custa a passar.
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Por outro lado, a perda do emprego e o fim de um relacionamento
amoroso são circunstâncias que nos fazem parar para pensar.
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Revemos defeitos, analisamos consequências de nossos atos, isso
ajuda a encontrar equilíbrio na hora de começar de novo, a pessoa
ganha maturidade.
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O sentimento de perda provocado
pela morte de alguém que amamos não é depressão, é
uma situação pesada, mas
a perda pela morte também faz parte da vida.
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Todos vamos perder pessoas queridas, e todos vamos morrer.
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O melhor a fazer é conversar com pessoas próximas, falar com amigos
e parentes, procurar o apoio de quem nos conhece é o remédio ideal.
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A terapia também pode ajudar, especialmente nos casos em que a
tristeza se prolonga.
O
diagnóstico para distúrbios mentais se tornou generalista.
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Se alguém apresentar cinco sintomas de uma lista oficiosa, é
depressivo, mas
os médicos não se preocupam em questionar as circunstâncias.
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Os médicos deixaram de considerar em que contexto esses sintomas
surgem.
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Sei que no fundo é difícil para eles “investigar”
as causas da tristeza, porque gastam no máximo 15 minutos com um
paciente.
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É um contato muito breve e fica mais
fácil receitar uma pílula.
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Nem sempre é o que acreditam ser o melhor, mas
eles são pressionados pelo sistema de saúde especialmente no Brasil
a não se prolongar em consultas.
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Os médicos estão falhando, mas
existem razões para essa falha.
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Os médicos também cedem àquilo que o paciente deseja, eles
receitam o que o paciente pede quando chega ao consultório.
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Se não há evidências de que o paciente realmente sofre de algum
transtorno, é uma atitude irresponsável.
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Alguém com depressão realmente precisa de tratamento.
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A intenção não é dizer que pessoas com problemas reais não devam
ser tratadas da forma adequada, com remédios.
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Mas nos últimos anos ficou claro que consumir antidepressivos sem
necessidade é um perigo.
As
duas situações são alarmantes.
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A indústria farmacêutica ganha muito dinheiro com antidepressivos,
promove esses produtos com anúncios mostrando pessoas felizes, que
superaram seus problemas ao engolir uma pílula.
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É uma cena comum apresentada na publicidade.
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São casais, pais e filhos em situações do cotidiano, da família,
do trabalho, que estão bem graças a um remédio.
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É um marketing poderoso e perigoso.
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